Governo argentino exclui investidores de criptomoedas da compra de dólares

O Banco Central da Argentina emitiu um novo conjunto de restrições que estão afetando cidadãos e empresas que compraram criptomoedas para usá-las como proteção contra a desvalorização da moeda. O banco só venderá dólares a uma taxa oficial para pessoas físicas e jurídicas que não compraram criptomoedas há pelo menos 90 dias antes da operação, com o objetivo de conter o aumento da taxa de câmbio.

Usuários argentinos de criptomoedas excluídos da compra de dólares nos mercados oficiais

O governo argentino está tentando frear a escalada que o câmbio do dólar azul, preço do dólar norte-americano nos mercados informais do país, tem tido desde há algumas semanas. O Banco Central da Argentina emitiu uma resolução que exclui empresas e indivíduos que compraram criptomoedas de acessar dólares na taxa oficial.

A comunicação, identificada com o número 7552, declara que o acesso aos mercados oficiais do dólar será aberto a pessoas físicas e jurídicas que:

Não ter entregue fundos em moeda local ou outros ativos locais (exceto fundos em moeda estrangeira depositados em entidades financeiras locais) a qualquer pessoa humana ou jurídica, residente ou não residente, relacionada ou não, recebendo como contrapartida prévia ou posterior, direta ou indiretamente , por si ou por meio de entidade coligada, controlada ou controladora, ativos estrangeiros, criptoativos ou valores mobiliários depositados no exterior.

Essas restrições terão que ser cumpridas 90 dias antes da compra de dólares no mercado oficial.

Fechando a brecha e as reações locais

De acordo com fontes locais, o novo conjunto de restrições seria direcionado para fechar a brecha que algumas organizações usam, aproveitando os canais de controle de câmbio para se beneficiar, comprando dólares baratos a uma taxa oficial e, em seguida, usando-os para comprar criptomoedas para trocá-los em uma taxa mais alta. O Banco Central da Argentina também introduziu uma nova restrição que proíbe os compradores desses dólares de comprar qualquer criptomoeda nos 90 dias após a operação, para evitar as situações descritas.

As reações dos argentinos foram em sua maioria negativas, com alguns questionando a eficácia de tal medida. Agustin Monteverde, economista, criticou a lógica por trás dessa medida. Ele afirmou :

A medida é arbitrária e discricionária. Não se entende por que quem comprou uma determinada mercadoria (porque é isso que as criptomoedas são) não pode acessar o mercado de câmbio.

A medida começou a ser aplicada no último dia 22 de julho, e os argentinos já buscam migrar de exchanges tradicionais, que precisam informar sobre transações de criptomoedas, para exchanges peer-to-peer , onde as transações podem ser privadas entre duas partes.